Abandonar velhas ideias impostas, que chegam a se tornar
quase uma lei, é uma das coisas mais difíceis da vida diria eu. Sair da zona de
conforto, a zona do comum.
Fazer com que aqueles suspiros, lá do fundo da alma, possam
ir aos poucos tomando vida é fundamental para uma mudança positiva em sua vida.
Nada é totalmente verdadeiro, tudo é relativo de pessoa para pessoa. Mas para
você existe uma verdade guardada que se manifesta. Escute-a!
Foi dando espaço a esses pensamentos, que se manifestavam a
todo momento, foi buscando aceitar aquilo que eu gostava e fazendo disso meu
empenho de coração e alma que venho a contar a história de hoje.
A exatamente 365 dias atrás me envolvi em um projeto o qual
iria mudar totalmente minha vida, ou diríamos as nossas. Digo as nossas, pois,
o projeto que me envolvo conta com cinco integrantes. Quatro artistas e uma Combi. Os
artistas tem nome, a Combi também. Ana, Daphine, Marcelo, Victor e Sacica
respectivamente.
Juntos tomamos como objetivo viajar o Brasil pela arte. Isso
significa: fazer arte, usando ela como fonte de renda, e também como canal para
nos aproximarmos das pessoas e, assim, conseguir transmitir a elas aquilo que
sabemos e consequentemente aprender com elas também.
Os destinos: Brasil, América do sul e parte da América
Central. Audacioso, dizia a maioria. Para nós, porém, a voz interior dizia “vai
rolar”...
Então, depois de um ano de preparação fazendo oficinas,
eventos, realizando um inovador projeto de um motor home na Combi (a qual foi
feita com muito estudo, artesanalmente no quintal de casa), cá estamos nós.
Uma Combi home, com duas camas, fogão, frigobar, cheia de
artesanato, muitos malabares, aprendizados (que serão muitos bem utilizados),
alegria, sonhos e muita coragem. Grande Sacica! Essa vai nos levar
longe.
Mesmo com tanta vontade, não podemos negar entretanto, que
mesmo nós não certeza de nada. A cada novo lugar uma nova experiência, um novo
cenário e novos personagens. Nada está garantido, nada é certo. A zona de
conforto se fecha para uma nova zona de pensamento onde temos que fazer
acontecer, todos os dias.
Viver em quatro pessoas em um mesmo local, acordando,
dormindo e realizando atividades juntos também é uma dificuldade da qual vamos
experimentar todos os dias e assim promover, diariamente, o respeito a
tolerância e a confiança.
Confiança, inclusive em tudo e todos. Confiando no lado bom
das pessoas. Confiando que existe a caridade, a confiança. Apostando no olho no
olho, na transmissão de energia. Queremos
viver em uma outra onda de vibrações e viver o bem.
A partida
Nossa meta de partir era junho. Depois se tornou 10 de
junho, e logo 11. Como tínhamos de vir para a 14ª edição do Festival João Rock,
em Ribeirão Preto, essa era nossa data limite não se podia mais adiar.
Os dias foram correndo muito ansiosos nesse um ano. Em
junho, quando deixei meu trabalho como jornalista na Universidade Federal do
Paraná, em uma mudança audaciosa em nome do projeto , porém, a ansiedade se
tornou quase insuportável.
Mesmo assim, quando chega o dia de partir você pensa “ Poxa,
é hoje que vou entrar nessa Combi e partir para ficar dois anos na estrada?”,
uma mistura de alegria e frio na barriga inexplicáveis.
Logo após o almoço queríamos estar com tudo preparado e se
jogar. Quem disse... Quando colocamos tudo para fora e percebemos a quantidade
de bagagem tivemos o desafio de organizar tudo dentro da Sacica. Coloca, tira.
Arruma, desfaz e assim, só no final da tarde conseguimos estar com tudo pronto.
Já com o céu escuro fomos a segunda etapa: a despedida das
mães. A semana já tinha sido de despedidas, dos amigos, família. Todo mundo que
nós via fazia questão de deixar seu até logo e os votos para que tudo desse certo.
O melhor estímulo possível.
Mas o txau final ficou para as mães. Na minha casa e do
Victor nossa mãe, mulher emotiva, assim como eu, o choro foi intenso. Na casa
de Ana a mãe repetiu, mais uma vez, os mesmos conselhos, aqueles que as mães
não se cansam de repetir com muito amor. Na casa de Marcelo, a última, demos
boas risadas e ficamos imaginando como seria nossa primeira noite na rua.
Mesmo tarde saímos para a estrada. Em uma despedida super
curitibana, com frio, chuva fininha e céu fechado, lá estávamos nós, de peito
aberto no role. Andamos rumo a entrada da Estrada Velha da Graciosa no posto da
Polícia Rodoviária Federal (PRF). Passamos a noite lá com o som da natureza.
Nossa última noite de frio no Paraná pelos próximos meses. Nossa primeira manha na estrada.
Sacica.artelivre@gmail.com
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Parabéns seus lindos... que essa viagem seja repleta de encantos e suaves aprendizados!!! Beijos! Jacque, Isa, Paulinho e Heráclio...
ResponderExcluirGalera da Sacica, respect infinito por vcs! Vão lá que o mundo é todo de vcs, explorem esse estradão sem fim; e quando voltarem, tragam na bagagem um mundo inteiro de histórias, sorrisos e vivências!
ResponderExcluirVocês são demais!
Beijos.