Tomei uma ducha e fui até a tenda Bambu Multicultural, no qual rolavam as atividades de yoga, dança, música e cura. Cheguei na hora certinha que começava a yoga. Um casal ministrava a prática.
Praticamos asanas e cantamos alguns mantras. Muitas pessoas vinham direto da pista para fazer a prática. Chegavam com os rostos pintados de tinta neon.
Logo mais os meninos da capoeira chegaram. Eles distribuíram instrumentos típicos da capoeira como agogô, berimbau e reco-reco e pediram para que nós escolhecemos um deles para aprender.
Eu peguei o agogô. Primeiro eles deixavam você sentir o instrumento. Depois iam ao lado de cada pessoa para ensinar corretamente. Depois de poucos minutos, pegamos o jeito. Dai começaram a cantar as músicas típicas da capoeira. Eu sempre soube que não tinha muita habilidade com instrumentos musicais. Mas lá tive certeza. Ou eu cantava ou tocava. Quando tive de fazer os dois, foi um desastre...
Depois da prática com instrumentos, começamos a dinâmica. A primeira ideia que eles nos mandaram foi que o capoeirista, tem que olhar nos olhos e estar atento.
- Vamos então, brincar de olhar nos olhos- propôs um deles.
E lá fomos nós. Que atividade interessante. Como esquecemos de olhar nos olhos. Como temos dificuldade de manter um olhar nos olhos das outras pessoas. E como um olhar diz muita coisa! Lá fomos nós andando no espaço e olhando nos olhos um dos outros. Olhos azuis, verdes cor do mar, castanhos, olhos vermelhos, olhos com tinta neon. Quantas belezas!
Depois da atividade, estava cheia de areia de ficar brincando no chão. Fui até as duchas para me lavar. Junto comigo foi uma gaúcha linda e estilosa. Não perguntamos o nome uma da outra. Inclusive, nunca perguntava o nome de ninguém. Que diferença isso faz? Quando descobriu que eu era do sul também, já quis saber:
- E ai tu vai pro psicodália no carnaval?- perguntou.
- Quero muito, mas estou sem grana, se conseguir um trabalho lá é certeza.- respondi
- Bah! Lá é muito bom ne? Menor, mais aconchego, mais contato. Mas aqui é lindo também. Vamos viver em festivais?- disse ela gargalhando.
- Vamos!- respondi em tom de brincadeira.
Terminada as duchas, foi cada uma pro seu canto prometendo que nos encontraríamos no Psicodália de carnaval.
Na volta da água de coco, passei na barraca dos índios Pataxos, naturais de Porto Seguro. Eles vendiam seus artesanatos a caráter, de cocar e roupas indígenas. Quando a batida de uma música pegava forte, eles dançavam. Era hilária a cena dos índios dançandinho a música eletrônica. Coisas que só vemos no Universo Paralello.
Já pintada e hidratada fui em direção ao palco Chillout, onde uma geodésica psicodélica vira um palco para os estilos mais variados de eletrônico como Dub e os adoráveis System Sound. Lá, eu encontrei os tipos mais diferentes da minha vida. Cada um dançava da sua maneira, as crianças faziam suas rodas. A moça pegava sol de topless. A gringa, branquinha, procurava uma sombra para dançar. E que dança louca. Ficava apaixonada por cada um que ali estava.
A noite curtimos um céu maravilhoso como sempre, regado a um bom som.
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