Sacica e Kombosa, as kombis circenses |
Quando você vê la na revista Caras " Xuxa passou o final de semana em Angra dos Reis", deveria estar escrito "Xuxa passou o final de semana na ilha x de Angra dos Reis". Digo isso por que Angra mesmo, a cidade, é uma cidade normal, até menos bonita e estruturada do que imaginaríamos.
Porém, eles tem mais de 300 ilhas no seu litoral, sim, isso mesmo, mais de 300 ilhas. Todas elas paradisíacas e com natureza preservada.
E foi para conferir a beleza da maior de todas as ilhas, a Ilha Grande que desembarcamos na cidade onde os famosos vivem passando.
Três reis magos, as estátuas de Angra |
Aproveitamos o final do dia para expor uns artesanatos. Na pedra¹ conhecemos Pedro, morador local. Logo nos juntamos e começamos uma amizade. Os outros artesãos não se aproximaram muito. Motivo: mesmo em um grupo de pessoas "alternativas" muitos deles também cometem preconceito, pois acham que nós que viajamos de carro somos "playboys" ou temos grana.
A real é que trabalhamos mais um ano para conseguir a grana suficiente, em quatro pessoas, ficamos dia a noite metendo a mão na massa pois TUDO que tem na Sacica foi feito de forma independente.
Enquanto estávamos lá conversando e matando tempo vemos uma outra kombi parada do lado da nossa observando. Nela estava escrito "Quintal do Circo". Bah! E não é coincidência demais?
Saímos correndo para interagir com ela.
Conhecemos então Luciano e sua esposa que realizam espetáculos circenses na cidade. Resultado da interação: novos amigos e um estacionamento para a Sacica nos próximos dias. Viva a lei natural dos encontros!
Falando em encontros, Pedro, o artesão, nos levou na sua rua para estacionarmos a Sacica até o dia seguinte e nos deixou mais seguros na cidade. Gratidão amigo.
Dias longe dela, que saudades!
Ana na barca para a ilha
Só sai uma barca por dia para Abraão em Ilha Grande, as 15:30, então acordamos cedo e fomos rumo ao Quintal do Circo para não perdermos tempo.
Chegamos no quintal do Luciano e lá agilizamos nossas coisas. íamos levar apenas o necessário, o resto, ia ficar por la mesmo. Graças a Deus que nossa casa ambulante ia ficar segura aqueles dias.
Fomos andando da casa até o cais. Paramos no primeiro sinal, um dos dois que existem na cidade, para tentar fazer uma moeda. O pessoal não estava muito generoso, então mudamos de planos e fomos manguear uns artesanatos. No mangueio obtemos mais sucesso.
A movimentação estava grande no cais, turistas de todas as nacionalidades chegam e vão embora das ilhas de Angra. Desse jeito, ver mochilões desfilando, é algo normal para os moradores.
Ilha Grande, história, natureza e calmaria
Vista da entrada de Abraão |
No local existem diversos destinos, pois como já diz o nome, lá é grande mesmo. Para os mais aventureiros, o lado do alto mar é o melhor, como as Praias do Aventureiro e Caxadaço, que são desertas e com uma natureza exuberante.
Para quem gosta de mais estrutura, ou precisa de gente para vender artesanatos, como é o nosso caso, o melhor é ir para vila de Abraão, que seria o "centrinho" da ilha.
Para chegar lá, andamos 1h30 de barco, um puta barco eu diria, lá cabem 600 pessoas. Chegando na vila, você já pode admirar a Igreja São Sebastião, que encanta com sua arquitetura. O clima caiçara e turístico enche os olhos.
Lá, você encontra todo o tipo de hospedagens, desde campings até pousadas de luxo. Pois o local é rota de passeio de turistas do mundo todo.
Troca de conhecimento
Trabalhinho difícil...
Os dias que se passaram nos pudemos conhecer pessoas e trocar conhecimento. No RJ encontramos muitos gringos de diversas nacionalidades.
Em um primeiro momento fizemos amizade com o casal de viajantes Chintia e Edi. Ela espanhola, ele baiano pois ficamos hospedados no mesmo local
Acho o maior barato essas casais viajeiros. Cada um de um lado do globo. Já conhecemos uma francesa com um argentino e sua filhinha baiana. A espanhola com o paulista e seu filho brasileiro e agora esse novo casal. Casal que logo virará um trio, pois ela está gravida de 4 meses.
Na venda de artesanatos, conhecemos mais e mais turistas de todos os lugares e de todos os estilos. Os mochileiros, o pessoal família, aqueles que vem de cruzeiro e assim vai.
Uma grande oportunidade para voltar a treinar o inglês. Estou amando! Atender falando a língua inglesa é um barato, demora um pouco até pegar o jeito, mais depois vai que vai. Nas vendas sempre entregamos um cartão do projeto e assim, nossa arte e nossa jornada esta ficando conhecida internacionalmente. Viva!
Ilha Grande, grande mesmo
Mapa da ilha e indicação da distância até Lopes Mendes |
Para conhecer a ilha inteira teríamos que dispor de meses no local pois ela é extensa mesmo. Por isso, Abraão se torna apenas um lugar de pouso, os turistas dormem lá e passam o dia nos passeios de barco que são oferecidos em todas as esquinas.
Nesses passeios é possível conhecer as praias mais afastadas e consequentemente as mais lindas, como a Lagoa Azul, Dois Rios e outras dezenas de praias. As pessoas chegam a ver baleias no mar.
Abacaxi selvagem |
Se você quiser fazer um passeio sem gastar, pode se aventurar a pé. Nesse caso, você pode demorar mais de um dia para chegar nas praias mais afastadas e, no mínimo, 5 horas de caminhada nas mais próximas ou então nas quedas d'gua doces.
Árvores centenárias |
Claro que não deixaríamos de conhecer uma delas e foi assim que, na segunda-feira, partimos rumo a praia Lopes Mendes. Seriam 2h30 de ida e depois mais 2h30 de volta. Mas fomos cheios de disposição.
Palmas |
A caminhada é longa, com subidas, descidas e como tinha chovido a noite, toda e ainda caia uma garoa, muita lama. A recompensa é encontrar uma natureza linda no caminho, pássaros, macacos, cobras coloridas, aranhas, esquilos, borboletas, árvores imensas, jacas imensas também. Antes da praia final, você ainda passa por Palmas e Pouso, praias desertas e paradisíacas ( até mais bonitas que Lopes Mendes). No final da caminhada chegamos a uma praia com grandes ondas e montanhas.
Lopes Mendes |
Como o dia estava chuvoso e estávamos com nossa amiga grávida, não demoramos muito a voltar... A volta... Foi difícil retornar, estávamos exaustos, molhados, quase pedindo para sair kkkk. Mas como não tinha jeito fomos voltando devagarinho até a hora que chegamos no camping e nos jogamos em baixo da ducha para esquentar.
Visita gostosa
Chegando lá, a surpresa, nosso tio João tinha vindo nos visitar na ilha como prometido. Ele estava no camping ali próximo. Depois de mais de quatro anos sem nos vermos, lá estávamos nós curtindo um passeio lindo. Ele ficou o dia todo nos esperando ansioso pela chegada.
Nós e o Tio João |
Curtimos a noite até a hora em que estávamos quase dormindo em pé depois de tanto esforço. Ficou para o dia seguinte a curtição.
Acordamos cedo e já fomos acorda-lo na barraca. Meu tio, mesmo passado dos 55 anos, ainda trás consigo o espírito aventureiro: veio de barraca para a ilha abordo de sua motinha apelidada de Trovão Azul. Isso é que é bonito de ver.
Aproveitamos a manhã para conhecer as ruínas, o Aqueduto e o poço de água doce que ficam em Abraão mesmo. Tomamos um banho gostoso em meio a Mata Atlântica.
Ruínas |
As ruínas trazem consigo muita história quando de 1886 até 1913 já serviu de hospital de quarentena para recolher imigrantes europeus com doenças epidêmicas tendo atendido mais de 4 mil embarcações, imagine quantas pessoas já passaram lá? O local chega a ser meio obscuro com uma energia muito forte.
O Aqueduto então é uma construção imensa feita em 1893 com pedra e óleo de baleia para abastecer de água o Lazareto. Ele está até hoje la, firme e forte no meio da floresta.
Aqueduto |
A Praia Preta é tão especial que a areia é formada por quartzos e outros cristais. Na beira do mar mesmo você encontra grandes pedras de cristal.
O dia de turismo poderia ter sido maior mas estávamos tão cansados que não tínhamos pique para andar mais.
Noite de aventuras
Devido a chegada do tio na ilha tivemos que ficar mais um dia além do que tínhamos planejado (não foi nenhum esforço claro). Porém, chegando ao camping, o dono do local não quis renovar mais uma diária com a gente.
O cara de bunda, sem motivo nenhum, apenas com seu preconceito com viajantes alternativos, disse que não iríamos renovar a diária. Bom, como não queríamos ter que montar barraca de novo, abrir cadastro de novo, resolvemos passar a noite na beira da praia mesmo. Nossa primeira noite de mocó². Tirando a nuvem de mosquito foi uma noite diferente e gostosa.
Rumo Sepetiba
Paisagem pela estrada rumo a Sepetiba |
Saímos da Ilha Grande rumo a Sepetiba, cidade na qual mora a minha avó Eulina, uma das mulheres mais fantásticas do mundo, que, no alto de seus 81 anos dá baile em muita menininha ai no quesito disposição e personalidade.
Encontramos João em Mangaratiba, cidade que também tem barca para a ilha, e seguimos juntos até a casa dele. Na cidade já encontramos um pessoal interessado nos artesantos e trocamos váris ideias.
Como meu tio estava com uma GOPRO acoplada no capacete, fizemos altos videos na estrada. Maior curtição. Bora conferir? Clique aqui.
1- Pedra: Nome dado ao lugar no qual os artesãos expõe suas artes.
2- Mocó: ficar de acampado na rua, sem estar em camping, hostel etc...
Mais fotos:
Vista da barca |
Passeio em Abraão |
Praia Preta |
As obras de arte da natureza |
Caminho da Praia Preta |
Praia preta |
Trilha de Lopes Mendes |
Aqueduto |
Entrada da Vila |
Mosquitada do c****** |
Passagem para o paraíso |
Blog Viajando
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olha vocês estão de parabens continue viajando , com serenidade e como vocês estão fazendo
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