sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Completando um mês de viagem em grande estilo

Últimos dias no Paraíso
Kranti

Completamos nosso primeiro mês de viagem com a Sacica no Festival Internacional de Culturas Alternativas (FICA) em meio a um cenário lindo no meio do Cerrado. Após o evento iríamos ficar mais uns dias pela região de Alto Paraíso até a data do ENCA que ia acontecer em Terra Ronca, 300km dali.
Nesse meio tempo aproveitamos nossos dias para tomar muitos banhos de cachoeira durante o dia, produzir, treinar malabares e no entardecer, quando o movimento sai das cachoeiras para ao centrinho da cidade, íamos expor nossos trabalhos artesanais na praça central da cidade, junto aos outros artesãos. Uma rotina sem rotina pra lá de agradável.
Para quem for passar uns dias pela região e, como nós, não tiver dinheiro para pagar a entrada das cachoeiras, contando que a grande maioria é paga, indico a cachoeira Kranti, que fica na estrada que vai pro Moinho, do lado esquerdo, poucos metros do início da estrada de chão. O local é lindo, fácil de chegar e tem um poços legais para pular da pedra.
Anjos e Arcanjos
Outra cachoeira legal a qual visitamos é a Anjos e Arcanjos. Você pode negociar com o proprietário não pagando ou pagando o quanto você tiver. Chegando em Moinho é só perguntar pelo local que todo mundo conhece. São duas quedas lindíssimas, com poços legais para banhos, além de uma paisagem belíssima de morros, árvores e as lindas araras.
A noite na praça de Alto, conhecíamos todo tipo de pessoa desde artistas independentes até turistas a passeio. Claro, encontramos diversos curitibanos. Entre eles Sissa e Pulmão, nossos amigos de Curitiba, Vinícius, amigo íntimo de nossa família, Tammy e Iunis e mais diversas pessoas. Quando víamos estávamos nós a conversar com alguém de Curitiba.







Estrada de chão, poeira e aventura


O estado de Goiás reserva belezas por todo lado. Já havíamos visitado Cristalina, onde encontrávamos cristais no meio do rio, a Chapada dos Veadeiros com suas inúmeras cachoeiras, entre elas as do parque nacional que tem 80m e 120m de altura, montanhas e araras coloridas e mesmo assim, ainda tínhamos muito para descobrir.

Como não conseguiríamos conhecer tudo, fizemos algumas escolhas, entre elas Cavalcante, para conhecer a famosa cachoeira Santa Bárbara, no Quilombo Kalunga, e o Parque Estadual de Terra Ronca, com suas cavernas e cachoeiras.
Como nenhum de nós conhecia uma caverna a ansiedade por conhecer Terra Ronca era grande. O local possuí mais de 60 cavernas entre elas a Angélica e as cavernas do Bom Jesus da Lapa e a cachoeira Palmeiras.
Nosso objetivo principal no local era participar do Encontro Nacional de Culturas Alternativas, o ENCA, que já está na 39ª edição, ou seja, essa é do tempo que meu pai era hippie. Porém, como é tradição, do ENCA só se fala boca a boca, não se faz texto na internet, não se posta foto, não existe site. Só quem foi poderá saber o que como é o encontro.
Para chegar em Terra Ronca pegamos uma jornada de estrada de chão de quase 60km. A danada da Sacica teve de passar por rios, pedras, buracos e pegar muita poeira. Quando vem outro carro é hora de preparar a respiração para a nuvem de fumaça. Como é época de seca não chove nenhum dia e a poeira aumenta a cada minuto. Que venha a aventura! (VEJAM O VÍDEO NO FINAL DO TEXTO)

Terra Ronca e sua beleza sem igual
No primeiro dia de ENCA, devido ao calor intenso que fazia, resolvi entrar na expedição que ia até a cachoeira Palmeira para tomar um banho de rio e me refrescar. Em caravana andamos os 4km até a entrada do espaço e, meio zonzos de calor, nos dividimos em dois veículos para irmos rumo a cachoeira.
Nesse dia tive o prazer de embarcar no ônibus da caravana Whippala. Seu Nelson o motorista da nave realiza expedições para todos os lados com o ônibus que parece ter saído de um filme hippie dos anos 60. Metade do pessoal vai em cima, metade vai dentro no ônibus.
Depois de cerca de 6,5km chegamos na cachoeira. A queda além de linda não era tão gelada o que não deixava nenhum obstáculo na hora de entrar na água.
Após o banho, Russo, quem recebeu o ENCA em suas terras, nos levou para conhecer Belmira, a proprietária do terreno no qual havia a cachoeira. Pedro, neto de Belmira, foi quem nos recebeu, já oferecendo os produtos que eles tinham para comprar:  mandioca, mexerica e babaçu.
A casa era bem simples, feita de barro. O terreno era grande e embaixo das mangueiras era possível fugir do sol forte n
a sombra gostosa que a árvore faz. A paisagem era de tirar o fôlego: um paredão imenso que de um lado é GO e do outro é BA.
Dona Belmira, como toda boa anfitriã nos recebeu com amor e alegria e também com mandiocas cozidas, que para nós, mortos de fome sem almoço, foi a melhor coisa da tarde.
Nesse dia também pude conhecer duas especiarias do Cerrado o côco babaçu, que sai de dentro de uma casquinha e é seco como uma castanha, e o tamarindo, direto do pé, fruta ácida e marcante.
Na volta na caçamba do caminhão, voltávamos pela estrada de chão com os cabelos voando. Final de tarde, um pôr do sol belíssimo. Para completar o cenário, uma arara azul voa ao nosso lado gritando e se exibindo. Isso durante uns 10 minutos! Coisas que só quem conhece o abençoado cerrado poderá experimentar.

ENCAvernados
Desde nossa chegada na Terra Ronca estávamos ansiosos pelas cavernas da região. Já nos primeiros dias no local Ana e Victor já tinham ido acampar na caverna e voltaram dizendo que esse tinha sido o local mais lindo da vida deles. Isso só aumentou nossa ansiedade.
Nos juntamos com nossos colegas de Curitiba que também queriam conhecer o local e fomos rumo as cinco cavernas do Bom Jesus da Lapa. O nome vem devido a grande quermesse, tradicional da região,  que ocorre no local no início do mês de agosto.
A entrada da caverna começa com uma trilha bem ampla ao lado de um rio cristalino que corre para dentro dela. Quanto mais se entra, mais gelado fica o clima. A alguns metros existe uma imagem de uma santinha, que reforça o caráter religioso do local.
Desde a entrada a sensação é magnífica, uma energia diferente no ar. A caverna tem mais de 600 milhões de anos de existência segundo a comunidade local. A energia milenar toma conta nos fazendo se sentir pequenos diante tanta vida.
Os milhares de pássaros e morcegos que moram lá dentro, no final do dia, vão se acomodando em suas tocas e fazem uma barulhada li
nda. Araras, periquitos e diversos pássaros coloridos podem ser visto voando no alto do buraco, que é algo tão grandioso que te deixa embasbacado.
Formações rochosas que parecem ter sido feitas a mão se mostram em todos os cantos. Cada uma tem uma beleza singular, que na verdade, ainda nem estão finalizadas, quando as gotinhas que caem de cima ainda vão as moldando. Nossa primeira noite foi dentro da caverna, no escuro total, junto a outros viajeiros.
Dormir na caverna transforma seu sono em uma viagem astral, indico a todos que tiverem a oportunidade de fazer isso que não pensem duas vezes. Quando o dia vai nascendo o breu total dá espaço a pequenas frestas de luz que vão iluminando as paredes e o alto do local. Assim, pudemos ver ainda mais detalhes dessa obra divina cheia de amor.
Estávamos em um grupo de 10 pessoas no local. Compartilhamos alimentos e fizemos um café da manhã caprichado. Nesse dia, que não sei qual a data muito menos o dia da semana, iríamos, juntos, desbravar o local. É muito bom poder sentir a liberdade de apenas viver os dias, pelo menos de vez enquando, sem saber de data, horários e obrigações.
O rio continua a correr no interior da caverna indicando o caminho. Pegamos nossas lanternas e seguimos rumo ao interior da caverna. Deixamos nossas coisas em um canto e levamos apenas o necessário. Outra sensação pra lá de boa é poder estar segura, sabendo que nada de mal pode acontecer como roubos e algum problema. As cidades do interior que visitamos ainda conservavam essa pureza gostosa do respeito ao próximo.
Depois de travessar o rio, fazer algumas trilhas e subir alguns obstáculos chegamos ao grande salão da caverna principal. Conseguimos apenas sentar e admirar aquela imensidão, sem muito falar. O local é tão belo que não tem descrição possível.
A beleza do local nos prendeu por dias. Ficamos acampados na caverna algumas noites e mesmo sem querer ir embora, tivemos que nos despedir dessa obra de arte natural.
Assista ao vídeo e desfrute...



Dicas: Quem quiser conhecer a região do Terra Ronca deve ir preparado para estar em um local pacato e com pouca estrutura. Indicamos entrar em contato com o seu Ramiro, guia de cavernas na região. Ele conhece o local como a palma da mão além de ser um senhor pra lá de gente boa, aberto a conversas e troca de risadas. Para falar com seu Ramiro basta entrar na página dele no facebook. Clique aqui.


Nenhum comentário:

Postar um comentário