segunda-feira, 14 de abril de 2014

Todos juntos, todos na mesma sintonia

São poucas as pessoas que nunca ouviram falar do famoso festival “hippie” Woodstock. Ele aconteceu em Agosto de 1969, nos EUA. Lá ocorreu uma sintonia enorme entre os caras mais loucos e felizes, os melhores artistas da época, como Janis Joplin e Hendrix, e rolou muita, muita arte.
A quem diga que esse tempo, bom tempo, já passou. “Época boa”, dizem alguns. Porém, eu digo que essa época está rolando ainda. O movimento de contra cultura está aqui, agora, ainda colocando os loucos mais loucos, a felicidade mais viva, a arte mais alternativa, as bandas mais fodas num lugar, no meio da natureza, longe de buzinas, stress e energias ruins da babilonia, e fazendo tudo isso acontecer. Hoje, século XXI.

E foi assim, hoje, agora, que aconteceu a segunda edição do Festival da Lua Cheia. Um espaço no meio da natureza, dois palcos, oficinas, malabares, cor, cheiro, sensações. Não somos hippies, nem nada que possa ser um rótulo. O que podemos afirmar é que somos loucos. Sim, loucos. Pois, enquanto o mundo inteiro diz, “trabalhe muito, se divirta pouco”, “ande com roupas de marca”, “seja sério”, “cuidado com a concorrência”,  “aqui não é espaço para criança”, ou até pior, “ isso não é coisa de mulher”.
Nós, fazemos o contrário, ficamos descalços na grama, nos sujamos de lama, temos um estilo pouco chique, mulheres, homens, crianças, dividem o mesmo espaço, a mesma atividade.  Ensinamos o que sabemos ao próximo, o intuito é transmitir conhecimento. Damos muita risada, nos abraçamos, cantamos, curtimos, cuidamos da natureza e o principal: evitamos julgamentos desnecessários. Cada um se diverte a sua maneira.
Para tudo isso acontecer, a labuta começou a muito tempo, para Jacqueline, Heráclio e as muitas pessoas que estavam envolvidas nessa louca empreitada. Para o grupo Fazendo Arte, que ficou responsável pela decoração do festival e por realizar oficinas de artes, a labuta começou, pra valer na quinta-feira, 10.
Depois de diversas reuniões, compras, orçamentos, tudo estava comprado, e já tinha seu lugar certo, só faltava começar. Pegamos o primeiro ônibus em direção a Areia Branca, Mandirituba. Estavamos com uma animação que não se continha. Vontade imensa de trabalhar. Ao chegarmos a fazenda, ela estava linda, esperando ficar ainda mais bela e cheia de cor.
Fomos recebidos por Heráclio e sua família, Arlete sua mãe e Hélio seu pai. Mal chegamos e sentamos a mesa para um café da manha caprichado. Aliás, comida, bem feita, cheia de sabor e carinho, não foi o que faltou. Dona Arlete, ficou a mesa conosco. Eu que falo muito palavrão, acabei soltando um “fodeu” no meio da conversa. Envergonhada, pedi perdão pela indelicadeza, afinal uma senhora podia não curtir esse comportamento. Que nada:

- Eu falo muito palavrão também! Pergunta pro Heráclio. Pode falar! Fodeu mesmo!- dizia Arlete. Dei risada por alguns minutos dessa situação.
Depois de alimentados, começam as atividades! Dividimos as tarefas e cada um foi fazendo a sua parte. Foi filtro dos sonhos pra cá, Tie Dye pra lá, amarra tecido, pinta bolinha de isopor, estica lona, amarra fio, pinta plaquinha, limpa daqui, limpa de lá e assim foi. Pouco a pouco o espaço foi começando a ficar com outra cara e estava quase pronto para receber a todos.
Um dos espaços mais ousados, foi o montado no meio da floresta. Os meninos limparam a trilha, colocaram alguns sofás. Nós, fizemos filtro dos sonhos nas árvores, colocamos placas e bituqueiras, pois não queremos lixo na natureza. E pronto, estava terminado um dos espaços mais gostosos do Festival.
Nesse espaço, nos fizemos algumas reuniões de alinhamento de ideias. Nessas, além da galera do Fazendo Arte (Eu, Victor, Vinícius, Sissa, Luanna e Marcelo), se juntaram também os nativos ali de Areia Branca. Rapazes muito diferentes de nós, em questão de estilo de roupas e vida, porém com uma alegria contagiante. E é isso que queremos propor, que o diferente se junte, pois o principal é cultivar as boas energias. Sendo do bem será bem vindo!
E assim fomos, trabalhando duro, correndo atrás dos mínimos detalhes. Banheiros em ordem, bar e cozinha montados, lixos e bituqueiras espalhadas, palcos montados, tenda pronta pra ser montada, se a chuva aparecer, decorações colorindo o espaço, lojinha com nossos produtos armada. A cada segundo estávamos mais próximos para abrir as portas.
Sexta-feira, 11, já chegaram algumas pessoas. No sábado mais algumas. Aos poucos o local ia ficando mais lotado. Foi quando de manha cedo, começa uma chuvona, daquelas boas para fazer lama. O medo na barriga ficou grande. Será que a chuva vai continuar assim? Será que as pessoas vão deixar de vir?
Que nada! Logo menos a chuva sessou e as pessoas começaram a chegar. Cada vez mais e mais e mais. Suas barracas foram montadas e eles foram se aproximando do palco, ou ficando em seus cantos, com sua turma, tocando um violão e curtindo sua vibe. Os conhecidos começaram a chegar, pouco a pouco. Lindo de ver, seus amigos queridos vindo prestigiar o evento. Lindo de ver seu trabalho sendo elogiado. Essa é a melhor recompensa.
A lua, principal atração da noite, ficou um pouco scondida atrás das nuvens. Aparecia de vez enquanto, dava o ar de sua graça, e sumia no céu. Quem observou bem, pode ver, mas mesmo quem não viu deve ter sentido a energia e conexão que a lua, quase cheia, nos proporciou por toda a noite.
Nós, como somos da arte, fizemos um lojinha colaborativa, para expor os nosso trabalhos. Ficou um espaço lindo! Quem quisesse, podia chegar com seus trabalho e deixar ali. Teve crochê, tie die, saias, calças, macramê, camisetas e alpargatas pintadas a mão. Arte pra todo mundo.
Nesse sentido, preciso citar uma grande pequena pessoa: João Gustavo. Esse mocinho, que não tem 10 anos de vida, sereno, tranquilo, na dele, é um artesão nato! Ele olha os trabalhos dos outros uns minutinhos e pronto, começa a imitar. Faz de tudo! Colar de cristal, filtros, macramê. Ele anda com uma bolsinha endurada e o que temos la? Carrinhos? Bonequinhos? Não! Temos fios, cristais e os trabalhos que ele já fez. Coisa inacreditável.

Em matéria de arte, o festival estava transbordando, principalmente de música. Os músicos chegavam com seus instrumentos. A galera do Charles Racional ia chegando também. Depois de um show sem palavras no Psicodália, outro grande festival alternativo que acontece em SC, era a vez deles arrebentarem no Lua Cheia. E assim foi!
Aliás, na questão da música, rolou de tudo. Do dub ao rock. Do reggae ao jazz. De brasilidades a música instrumental. Tem para todos os gostos. Por que música de qualidade não existe em um único estilo. Tem música boa no reggae, no rock, brasileira e internacional. Uma mistura gostosa que fez todo mundo ficar animado, sem hora para dormir e muito fôlego para cantar.

 

2 comentários:

  1. Lindo Daphine! Parabéns pelo trabalho! Delícia demais ler seus registros que parecem tão nossos! Nossas sensações e alegrias por ter presenciado tudo isso!

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