terça-feira, 14 de outubro de 2014

Viva a Revolução

Depois de algum tempo sem postar nada sobre as minhas viagens, venho falar de revolução ou melhor do Revolution Festival!
Pedro Henrique/ Facebook
A muito já tinha ouvido falar dessa celebração, logo, não podia perder a desse ano! E foi assim que me joguei para Lages, região serrana do estado de Santa Catarina a 360 km de Curitiba. Viajem longa demais para quem está vibrando ansiedade.

Sai de Curitiba no final da tarde de sexta-feira, infelizmente não pude estar no evento desde o início, na quinta-feria. Mas sem perder tempo me mandei acompanhada da minha amiga gaucha Alessandra, ou Alegrete para os mais próximos. Já no ônibus nos
conectamos com mais revolucionários que seguiam para o festival. Chegamos na porta do evento a 1h20 da madrugada. Foi o tempo apenas de encontrar nossos companheiros que já nos esperavam, deixar as malas na barraca e cair na dança, de cabeça!

Arthur Pereira/ Facebook
A música eletrônica entrou na minha vida por acaso, ainda não sou uma grande conhecedora, não sei diferenciar muito bem os estilos, não conheço o nome dos grandes DJ's. Mas o bichinho da psicodelia me picou de vez e agora estou dominada.
E foi dominada que me joguei na pista no início da madrugada de sábado. Na escuridão da noite duas coisas se destacavam: a decoração neon, que na luz negra parece ser feita de algum material galático, pois brilha fortemente, e a lua, de cheia para minguante estalando no céu.
Deivid Cruziniani/ Facebook

Na música eletrônica tudo é demais! O som é demasiadamente alto, de ensurdecer! A decoração é demasiadamente chocante. Muitas cores, muitas! Formas desconhecidas, maneiras inusitadas de se vestir, arte em toda parte. A mistura do som, que não deixa ninguém ficar parado, com a decoração dá nisso: Revolução!
É uma energia contagiante, quando o DJ solta aquela batida forte, ela pega na cabeça, os olhos se fecham e os pés, automaticamente, saem do chão e todo mundo pula junto, na mesma frequência!
Eu, deslumbrada que estava, escutava ainda do meu irmão e de minha irmã de alma, Victor e Ana, que quando o dia nascesse eu ia ficar surpresa. Eu não estava nada ansiosa pro dia nascer, mas fiquei curiosa para ver o que me esperava.
Alessandra Viero/ Facebook
E assim foi passando a noite, sensações, batidas frenéticas, pés no chão! Em festivais em geral, de música eletrônica e outros, existe um ambiente diferente das noitadas por ai. Existe um respeito e uma conexão intensa entre todos que estão ali. Todos repartem, todos se respeitam, todos se ajudam, estão todos na mesma aldeia. Ninguém quer ser chique, nem estar na moda. Querem apenas curtir. Se você deixa algo cair, alguém te devolve. Se você é mulher e está sozinha, não se preocupe, nenhum otário vai vir te desrespeitar. Um esbarrão não termina em briga e sim em risadas. Você é novo, velho, homem ou mulher. Rico, simples, roots. Não se preocupe, estamos juntos, conectados! Isso é revolução!
Depois de muito dançar, já com as pernas doendo, começou o espetáculo. A luz da manha começou a mostrar os entornos de uma paisagem belíssima! De um lado um morro, alto e cheio de araucárias, por de trás dele, vinha o sol! Do outro lado um campo aberto, com muita vegetação, diversas barracas, pessoas, cores e ao fundo a lua! O sol de um lado a lua de outro e o domingo começando a todo vapor e amor ♥. Isso é revolução!
Alessandra Viero/ Facebook
Com a luz brilhando, as cores começaram a aparecer! A cores da natureza, da decoração, das pessoas. Para recomeçar o dia, partimos para a Tenda de cura, fazer Yoga! Em baixo das araucárias, símbolo do Paraná,meu estado,  nos alongamos, entoamos mantras e celebramos mais um novo dia! Isso é Revolução ♥
Outra situação muito gostosa dos festivais é que eles formam uma verdadeira família. Tem sempre aqueles que estão em todas as celebrações. Assim, o festival se torna uma oportunidade de juntar seus amigos, uns de perto, outros de longe, e matar as saudades.
O sol brilhava fortemente! Diferentemente do que eu imaginava, por ser uma cidade do sul, Lages é quente demais! Dia bom para se fazer o que quiser! Podia ficar na pista dançando, podia desbravar a natureza, podia ler um livro na sombra, sentar com pessoas diferentes e conversar, podia aprender artes novas, podia fazer o que quiser. Sem cobranças. Isso é Revolução!
Meu único compromisso do dia era realizar a troca de livros do Revolution. O intuito era levar uns livros e trocar com a galera, para todos terem conhecimento nas mãos. Estiquei meu tecido indiano no chill out, coloquei os livros, a placa que fiz com carinho e a galera foi chegando. Os livros e revistas foram logo ganhando novos donos e todo mundo ficou feliz. Sucesso total. Compartilhar conhecimento, isso é revolução!
Alessandra  Viero/ Facebook
Devido ao calor, no final da tarde chegou a chuva! Ninguém ficou triste pois o calor era tanto, que uma chuvinha não ia ser uma má ideia.Sem contar que dançar na chuva é demais! Mas e se a chuva viesse junto de um banho de cachoeira? Melhor ainda! Então, lá fomos, eu e meu irmão, na saga da cachu. Fizemos uma longa trilha debaixo de chuva pela floresta e depois de muito andar, seguindo o barulho do rio chegamos ao encontro da cachu. Uma visão daquelas. Um paredão de forma única, bem alto, esculpido pela água. Mais um presente de Deus! Sentimos forte a revolução!
Retornamos no início da noite, que ficou em chove não molha daqueles. Mesmo assim a galera não saiu da pista. E assim se passava aquela última noite de Revolution, muito som, cor e união.
***
O domingo começou fervendo, com um sol daqueles que não te deixam ficar na barraca um segundo. O jeito era se refrescar ao ar livre nas poucas sombras na pista. Eu,que queria treinar um pouco malabares, acabei ficando no sol mesmo com a galera. Com o decorrer da música aos poucos todo mundo desistiu das sombras e se jogou na dança. Pés no chão, pouca roupa e muita energia. Isso é revolução!
Alessandra  Viero/ Facebook
Eu sempre fico encantada com a vibe dos festivais, todo mundo junto na mesma sintonia. Isso é um sonho de todos, acredito. A união no mundo. Crianças, de todas as idades, algumas com fantasias, outras quase sem roupinha, curtem a música junto com os adultos. Os adultos, esses parecem crianças grandes. Todos criando personagens, dançando livremente. Existem de todas as faixas etárias, dos mais novos ao mais velhos. Todos reunidos sentindo aquela gratidão no ar. Respeito presente, conexão forte. Isso é revolução!
No final da tarde depois de mais um banho de cachoeira para lavar a alma, fechei o dia participando de uma ação super legal, e assim realizei um grande sonho. Um grupo de Guarapuava, no Paraná, realizou um plantio de árvores nativas paranaenses entre elas as minhas amadas e idolatradas araucárias, aroeiras, araças e pitangueiras. O intuito era ajudar a reflorestar uma das área do local que ocorreu o festival. Lá já existiam algumas araucárias. Meu olho
Alessandra  Viero/ Facebook
brilhava vendo aquilo tudo acontecer. Todo mundo com a mão na enxada embaixo do sol, sem medo de trabalhar. Imagine daqui a alguns anos, nossas árvores em pé fazendo sombra para os revolucionários do futuro?? Isso é a pura revolução (plantem árvores também!!!!)
Depois de tanta luz o dia que se passou quente, lindo, vibrante e cheio de amor chegava ao fim! O pessoal já ia fechando suas barracas, aquele clima de despedida no ar. Essa é a parte mais difícil do festival: voltar para a "realidade". Entre aspas, pois, depois de dias cheios de luz como esses, não sei dizer o que deveria ser realidade...
Não é a
toa que o Revolution Festival é um dos melhores do Brasil.

VIVA A REVOLUÇÃO! ♥




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