E foi la mesmo, no pedacinho do paraíso chamado Céu de Cima, em Morretes que senti a liberdade e o amor profundo, mais uma vez, em um final de semana daqueles que passam rapidinho, mas numa intensidade assustadora.
Por ali já passaram muitas pessoas a procura de um contato intenso com a natureza. E ali estávamos nós naquele primeiro final de semana do mês de março, sedentos por sensações,experiências e aprendizados pois afinal, do que é feita a vida?
No mundo globalizado o negócio fica sério mesmo quando marcamos um evento no facebook. Então assim foi feito, com mais de um mês de antecedência. Chegada a data, arrumamos vaga para todos nos carros disponíveis e mesmo todo mundo apertadinho, não importa: o que queremos está lá em Morretes e é pra lá que fomos!
A previsão do tempo era chuva. E quem aqui tem medo de chuva? Temos medo é de ter que ficar presos, mais um final de semana, na caótica capital do Paraná. Então, com chuva ou sem chuva o que queremos é: sossego, como diria Tim Maia.
A primeira parada foi no local conhecido como poço preto. Lá aproveitamos para dar o primeiro mergulho nas águas geladas da Estrada da Graciosa. A segunda parada foi a cachoeira tesouro perdido, nome dado por nós mesmo àquele lugar que tanto amamos. A parte mais difícil desse trajeto é atravessar as mochilas e sacolas pelo rio. Como fazer esse desafio? Fazendo uma corrente, é claro! Juntos somos um! E foi assim tanto na ida, como na volta.
Como nessa nossa primeira parada as condições para se acampar estavam muito difíceis tivemos que nos reunir e decidir um outro local para passar a noite.
Paola e Richard, comentaram então sobre a casa do Dudu em porto de cima, no morro do Coco, local apelidado de Céu de Cima. Bom, se lá pudêssemos acampar, curtir uma fogueira e uma cachoeira, estava de bom tamanho!
E lá fomos nós! Chegando em Porto de Cima, subimos o morro, com muita dificuldade. Os carros subiram quase parando, devido a declividade e as inúmeras pedras. No ponto em que não podíamos mais subir, estacionamos o carro na frente da simples casa do Seu Zé.
Seu Zé é morados da região. Senhor simples e calmo, daquele jeito puro que são as pessoas que moram perto da natureza. Ele adorou ver a turma de mais de 15 pessoas, com mochilões, roupas coloridas e muito sorridentes.
Apenas alguns minutos de subida viramos em uma entrada. Os únicos sons do momento eram o canto dos pássaros, o latido dos cachorros e as falas baixinhas de alguns membros. Já era final da tarde, o sol começava a baixar. Mas mesmo assim, em todos os lados, a vista era incrível: montanhas e mais montanhas! Pela primeira vez eu acampava no alto de um morro!
A primeira casa que avistamos era uma casa de barro! Sim de barro! Feita com barro e garrafas de vidro.O telhado dela era feito de plantas. Sim, de plantas! Que imagem incrível, nunca tinha visto algo semelhante. A casa era do Dudu, quem nos cedeu espaço para acampar. Dudu é um morretense que vive do jeito que muita gente sonha: no meio da mata, no alto do morro, a minutos da cachoeira. Ele tem muitos CD's e discos, só de música boa,e o Cumbucá, seu cachorro de 7 meses (que faz maior festa com todo mundo).
Ele nos recebeu e já deixou claro "fiquem a vontade, a casa está aberta para todos, somos amigos já pessoal".
O primeiro passo após montar as barracas foi ir até a cachoeira. Dudu já alertou "aqui está claro, mas na mata já está escuro, acho melhor não irem". Mas como o pessoal gosta mesmo é de quebrar as regras, nos jogamos mata a dentro, de fininho e fomos tomar banho de cachoeira no escuro, Bem, estava realmente escuro, e frio, (os nativos sempre sabem do que falam), mas foi uma experiência muito legal!
Nesse momento que fomos até a cachoeira foi que comecei a ter um contato mais intenso com eles, aqueles que não perdem nenhum rolê no mato: os mosquitos. Lá no Céu de Cima tem de diversos tipos, tanto os pernilongos quanto uns menorzinhos e uns menores ainda que você nem enxerga. Dai você pensa: "hum, vou colocar calça e casaco e pronto!". Pronto? Que nada! os danados picam por cima da roupa mesmo. Então que tal repelente? Eles nem devem sentir o cheiro do repelente. De nada adianta.
Como diria Dudu, a vida no mato é linda, mas não é fácil não.
Bom o jeito é fingir que eles não existem, coçar com amor o seu corpo e focar na parte boa da viagem!
No cair da noite nos juntamos em volta da fogueira/fogão para cozinharmos. Nesse momento os mosquitos deram uma trégua. Juntamos tudo o que tínhamos em mãos e produzimos uma jantinha feita com muito amor. Dudu já tratou de colocar um som bem alto para tocar. Foi Perfume Azul, Alceu Valença, Doces Bárbaros e mais um monte de música brasileira boa.
Ah!!! Que sonho, no alto da montanha, a galera reunida, o fogo queimando e uma boa música tocando.
Claro não podia faltar um bom vinho e principalmente a cachacinha de banana de Morretes! Isso é que é vida boa!
A noite passava devagar, o papo fluía muito bem. Muitos ali, nem se conheciam ainda, apenas eram amigos do amigo. Mas gente do bem sempre se dá bem e assim foi. Todo mundo parecia amigo de longa data.
Aos poucos o cansaço da pernada e dos mergulhos no rio foram pegando e o pessoal foi aos poucos indo dormir. Devíamos mesmo descansar pois o dia amanha seria cheio!
O primeiro passo diante tudo isso foi tomar um banho livre de cachoeira e aplicar um rapé dando graças ao divino pai criador e a mãe natureza por tudo que nos foi dado!
Para continuar celebrando reunimos as mulheres na cachoeira e preparamos um altar com flores, frutos, cristais e velas. Celebrando a Lua crescente, momento de planos e celebrações de desejos fizemos nosso ritual em meio ao melhor templo que existe: a natureza!
Após meditar e orar tomamos um banho renovador. De mulheres para mulheres!
Voltando do sagrado feminino tomamos o sagrado café da manha e partimos para a segunda cachoeira do dia!
A caminhada morro acima nos trazia cada vez mais surpresas. A cobra que se arma quando vê a galera chegando, o camaleão na plantinha, se fazendo verde, a borboleta que é roxa em cima e preta em baixo, a planta de folhas grandes e o barulho do trem. (a cobra e o camaleão foram visto, no início, apenas por Dudu. Coisas que só quem tem olho treinado consegue ver de longe.)
No final do morro a caminhada se estende pelo trilho do trem. O barulho antes longe, se torna bem alto. É hora de sair do trilho.
O trem passou do nosso lado, esperamos a locomotiva terminar e continuamos a caminhada. Fiquei no final da fila com Marcelo e logo fomos surpreendidos pela presença dos cachorros do Mineiro, que também moram no morro. Eles nos acompanharam durante o passeio.
Chega a hora de entrar na mata, mais uma pequena trilha e já podemos ouvir o barulho da água caindo, sem pressa da cachoeira. Ao chegar no local exato que surpresa. na vista do lado esquerdo a água caia na beira das pedras em um barranco e seguia floresta a dentro. A imagem de fundo era um caminho de montanhas, uma vindo por trás da outra e formando aquela imagem belíssima! Do lado
direito, no meio de uma caverna cai a água cristalina e gelada, gelada pra valer (posso dizer que foi a cachoeira mais fria que já entrei). Mas como todo bom frequentador de cachoeira sabe, o frio acaba quando você se joga na água. Então os mais corajosos se jogaram e os menos corajosos vieram depois, mas ninguém deixou de entrar naquela água linda.
Quando o sol ficou bem forte e depois que todo mundo tinha feito uma pintura corporal bonita, entoamos o rezo a mãe Gaia, com tanto amor que o universo inteiro deve ter sentido!
A manha passou em um pulo e o começo da tarde veio quente e bem gostoso. Mesmo não querendo, a fome era tanta que tivemos que retornar para fazer o almoço. Qual não foi a surpresa quando olhamos no celular é eram 16h...
O tempo passa arrastado num lugar desses, a vontade de aproveitar é tanta que cada segundo é precioso!
Depois da última refeição no paraíso desmontamos acampamento e tivemos, infelizmente, que dar adeus aquele local tão forte, tão puro e tão intenso.
A sensação, os aprendizados, a união, porém, para esses, nunca daremos adeus. Essas são coisas únicas que mudam as nossas vidas.
O amor prevalece!
Agradecimento mais que especial a todos que estavam lá. Isso é revolucionário.
AMO VOCÊS! ♥
Uma experiência inesquecível! Estar em sintonia com a natureza é a verdadeira razão de estarmos vivos
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