segunda-feira, 2 de março de 2015

Visitando o céu de cima

"Céu de cima?" pensei eu. É algum lugar acima do céu? Se for, deve ser o paraíso!
E foi la mesmo, no pedacinho do paraíso chamado Céu de Cima, em Morretes que senti a liberdade e o amor profundo, mais uma vez, em um final de semana daqueles que passam rapidinho, mas numa intensidade assustadora.
Por ali já passaram muitas pessoas a procura de um contato intenso com a natureza. E ali estávamos nós naquele primeiro final de semana do mês de março, sedentos por sensações,experiências e aprendizados pois afinal, do que é feita a vida?

No mundo globalizado o negócio fica sério mesmo quando marcamos um evento no facebook. Então assim foi feito, com mais de um mês de antecedência. Chegada a data, arrumamos vaga para todos nos carros disponíveis e mesmo todo mundo apertadinho, não importa: o que queremos está lá em Morretes e é pra lá que fomos!
A previsão do tempo era chuva. E quem aqui tem medo de chuva? Temos medo é de ter que ficar presos, mais um final de semana, na caótica capital do Paraná. Então, com chuva ou sem chuva o que queremos é: sossego, como diria Tim Maia.
A primeira parada foi no local conhecido como poço preto. Lá aproveitamos para dar o primeiro mergulho nas águas geladas da Estrada da Graciosa. A segunda parada foi a cachoeira tesouro perdido, nome dado por nós mesmo àquele lugar que tanto amamos. A parte mais difícil desse trajeto é atravessar as mochilas e sacolas pelo rio. Como fazer esse desafio? Fazendo uma corrente, é claro! Juntos somos um! E foi assim tanto na ida, como na volta. 
Como nessa nossa primeira parada as condições para se acampar estavam muito difíceis tivemos que nos reunir e decidir um outro local para passar a noite.
Paola e Richard, comentaram então sobre a casa do Dudu em porto de cima, no morro do Coco, local apelidado de Céu de Cima. Bom, se lá pudêssemos acampar, curtir uma fogueira e uma cachoeira, estava de bom tamanho!
E lá fomos nós! Chegando em Porto de Cima, subimos o morro, com muita dificuldade. Os carros subiram quase parando, devido a declividade e as inúmeras pedras. No ponto em que não podíamos mais subir, estacionamos o carro na frente da simples casa do Seu Zé.
Seu Zé é morados da região. Senhor simples e calmo, daquele jeito puro que são as pessoas que moram perto da natureza. Ele adorou ver a turma de mais de 15 pessoas, com mochilões, roupas coloridas e muito sorridentes.
Apenas alguns minutos de subida viramos em uma entrada. Os únicos sons do momento eram o canto dos pássaros, o latido dos cachorros e as falas baixinhas de alguns membros. Já era final da tarde, o sol começava a baixar. Mas mesmo assim, em todos os lados, a vista era incrível: montanhas e mais montanhas! Pela primeira vez eu acampava no alto de um morro!
A primeira casa que avistamos era uma casa de barro! Sim de barro! Feita com barro e garrafas de vidro.O telhado dela era feito de plantas. Sim, de plantas! Que imagem incrível, nunca tinha visto algo semelhante. A casa era do Dudu, quem nos cedeu espaço para acampar. Dudu é um morretense que vive do jeito que muita gente sonha: no meio da mata, no alto do morro, a minutos da cachoeira. Ele tem muitos CD's e discos, só de música boa,e o Cumbucá, seu cachorro de 7 meses (que faz maior festa com todo mundo).
Ele nos recebeu e já deixou claro "fiquem a vontade, a casa está aberta para todos, somos amigos já pessoal". 
O primeiro passo após montar as barracas foi ir até a cachoeira. Dudu já alertou "aqui está claro, mas na mata já está escuro, acho melhor não irem". Mas como o pessoal gosta mesmo é de quebrar as regras, nos jogamos mata a dentro, de fininho e fomos tomar banho de cachoeira no escuro, Bem, estava realmente escuro, e frio, (os nativos sempre sabem do que falam), mas foi uma experiência muito legal!

Nesse momento que fomos até a cachoeira foi que comecei a ter um contato mais intenso com eles, aqueles que não perdem nenhum rolê no mato: os mosquitos. Lá no Céu de Cima tem de diversos tipos, tanto os pernilongos quanto uns menorzinhos e uns menores ainda que você nem enxerga. Dai você pensa: "hum, vou colocar calça e casaco e pronto!". Pronto? Que nada! os danados picam por cima da roupa mesmo. Então que tal repelente? Eles nem devem sentir o cheiro do repelente. De nada adianta.
Como diria Dudu, a vida no mato é linda, mas não é fácil não.
Bom o jeito é fingir que eles não existem, coçar com amor o seu corpo e focar na parte boa da viagem!
No cair da noite nos juntamos em volta da fogueira/fogão para cozinharmos. Nesse momento os mosquitos deram uma trégua. Juntamos tudo o que tínhamos em mãos e produzimos uma jantinha feita com muito amor. Dudu já tratou de colocar um som bem alto para tocar. Foi Perfume Azul, Alceu Valença, Doces Bárbaros e mais um monte de música brasileira boa.
Ah!!! Que sonho, no alto da montanha, a galera reunida, o fogo queimando e uma boa música tocando.

Claro não podia faltar um bom vinho e principalmente a cachacinha de banana de Morretes! Isso é que é vida boa!
A noite passava devagar, o papo fluía muito bem. Muitos ali, nem se conheciam ainda, apenas eram amigos do amigo. Mas gente do bem sempre se dá bem e assim foi. Todo mundo parecia amigo de longa data.
Aos poucos o cansaço da pernada e dos mergulhos no rio foram pegando e o pessoal foi aos poucos indo dormir. Devíamos mesmo descansar pois o dia amanha seria cheio!
O primeiro a acordar foi Marcelo, meu companheiro. De tão encantado que ficou com a vista, veio logo me chamar (bem no momento em que eu sonhava com uma pizza de chocolate com morango). Acordei meio braba por não ter conseguido, no sonho, comer minha pizza. Mas o sentimento durou menos de um minuto quando eu vi o sol, as montanhas e ouvi os pássaros. Que paraíso  é esse!
O primeiro passo diante tudo isso foi tomar um banho livre de cachoeira e aplicar um rapé dando graças ao divino pai criador e a mãe natureza por tudo que nos foi dado!
Para continuar celebrando reunimos as mulheres na cachoeira e preparamos um altar com flores, frutos, cristais e velas. Celebrando a Lua crescente, momento de planos e celebrações de desejos fizemos nosso ritual em meio ao melhor templo que existe: a natureza!










Após meditar e orar tomamos um banho renovador. De mulheres para mulheres!
Voltando do sagrado feminino tomamos o sagrado café da manha e partimos para a segunda cachoeira do dia!
A caminhada morro acima nos trazia cada vez mais surpresas. A cobra que se arma quando vê a galera chegando, o camaleão na plantinha, se fazendo verde, a borboleta que é roxa em cima e preta em baixo, a planta de folhas grandes e o barulho do trem. (a cobra e o camaleão foram visto, no início, apenas por Dudu. Coisas que só quem tem olho treinado consegue ver de longe.)
No final do morro a caminhada se estende pelo trilho do trem. O barulho antes longe, se torna bem alto. É hora de sair do trilho.
O trem passou do nosso lado, esperamos a locomotiva terminar e continuamos a caminhada. Fiquei no final da fila com Marcelo e logo fomos surpreendidos pela presença dos cachorros do Mineiro, que também moram no morro. Eles nos acompanharam durante o passeio.
Chega a hora de entrar na mata, mais uma pequena trilha e já podemos ouvir o barulho da água caindo, sem pressa da cachoeira. Ao chegar no local exato que surpresa. na vista do lado esquerdo a água caia na beira das pedras em um barranco e seguia floresta a dentro. A imagem de fundo era um caminho de montanhas, uma vindo por trás da outra e formando aquela imagem belíssima! Do lado
direito, no meio de uma caverna cai a água cristalina e gelada, gelada pra valer (posso dizer que foi a cachoeira mais fria que já entrei). Mas como todo bom frequentador de cachoeira sabe, o frio acaba quando você se joga na água. Então os mais corajosos se jogaram e os menos corajosos vieram depois, mas ninguém deixou de entrar naquela água linda.
Quando o sol ficou bem forte e depois que todo mundo tinha feito uma pintura corporal bonita, entoamos o rezo a mãe Gaia, com tanto amor que o universo inteiro deve ter sentido!
A manha passou em um pulo e o começo da tarde veio quente e bem gostoso. Mesmo não querendo, a fome era tanta que tivemos que retornar para fazer o almoço. Qual não foi a surpresa quando olhamos no celular é eram 16h...
O tempo passa arrastado num lugar desses, a vontade de aproveitar é tanta que cada segundo é precioso!
Depois da última refeição no paraíso desmontamos acampamento e tivemos, infelizmente, que dar adeus aquele local tão forte, tão puro e tão intenso.
A sensação, os aprendizados, a união, porém, para esses, nunca daremos adeus. Essas são coisas únicas que mudam as nossas vidas. 



                                                         O amor prevalece!
Agradecimento mais que especial a todos que estavam lá. Isso é revolucionário.
AMO VOCÊS! ♥

Um comentário:

  1. Uma experiência inesquecível! Estar em sintonia com a natureza é a verdadeira razão de estarmos vivos

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