segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Pé na estrada, de novo


Primeira manhã da Sacica, muita chuva, muito frio
Saimos mais uma vez de Curitiba em baixo de chuva. Mesmo assim, estávamos muito animados com mais essa segunda partida. Dessa vez corríamos rumo ao litoral brasileiro e de lá só sairíamos depois de Fevereiro.
Nossa primeira noite passamos na estrada da Graciosa. Paramos para dormir ao lado de uma barraca de caldo de cana. Tivemos uma noite pra lá de chuvosa. Foi a primeira vez que demorei para dormir apreensiva. A lona da parte superior da Sacica chacoalhava para lá e para cá e o som do vento estava sinistro lá fora.
Acordamos com o dono da barraquinha pedindo para que saíssemos do local para ele abrir o comercio. Aproveitamos o empurrãozinho para sairmos da  cama quentinha bem cedinho e rodarmos rumo São Paulo.



Descobrindo El Dourado

Paradinha na estrada
Uma combi colorida e diferente como a nossa chama muito a atenção. Não passamos desapercebidos em lugar nenhum. Poderíamos fazer um vídeo engraçado com as reações que vimos, são das mais diversas.
O homem carregando várias sacolas para a esposa, de cara fechada, abre aquele sorriso. Três amiguinhos param de andar de bike e ficam olhando ela passar, boquiabertos Um jovem casal de moto, esquece por alguns segundos da direção e grita “que carro tesão!”. Buzinas e sinais de “beleza” e “paz e amor” pela BR também acontecem todos os dias.
E não foi diferente a nossa chegada em El Dourado.  Depois de um dia inteiro de caminhada, em um trajeto regado a paisagens deslumbrantes, com dezenas de bananeiras, chegamos a cidade pacata que abriga o parque.
A cidade que tem nome de lugar de filme de tesouros perdidos estava a poucos km do nosso destino a Caverna do Diabo, um tesouro natural. Como chegamos tarde no parque, não conseguimos visita-lo naquele mesmo dia. Assim, teríamos que passar a noite nas redondezas, e no dia seguinte ir até a caverna, que fica no meio da Mata Atlântica.
Banana, banana, banana
Estacionamos em frente ao Centro Profissionalizante da cidade no qual contávamos com a vigilância do simpático segurança. Os vizinhos já vieram nos recepcionar. Entre eles Pablo,8, Nicolle,5, e a bebê Dafne, a primeira xará que conheci na trip.
Num piscar de olhos chegaram mais crianças, depois mais e quando me dei conta, eles já eram em 12. Eles estavam embasbacados com a “perua” como eles chamam, e faziam perguntas de todo o tipo. Quando coloquei o nariz de palhaço então “nunca tinha visto isso ao vivo tia, só na televisão”. Jogamos bolinhas “gude-gude”, batemos papo e fomos levados em comboio até a venda do Tico para comprar café.
Criançada bonita
No dia seguinte, bem cedinho, antes de partirmos Leonardo e Ana nos recepcionaram novamente. Ele, queria saber de tudo, de onde viemos, para onde íamos. Quando falei que iríamos ficar dias curtindo mar e praia, pela sua cara já sabia que ele nunca tinha visto o mar.
“O mar é lindo e nadar nas suas águas salgadas fazem bem para gente”. “Água salgada? Como assim? O mar tem água diferente da cachoeira?”. “Sim, a água é salgada e tem baleia e golfinhos”. A cara de espanto dele, valeu meu dia.




Caverna do Diabo
Caverna do Diabo
Depois de conhecer Terra Ronca/GO, começamos a ter muita curiosidade pelas cavernas.  Dessa vez não poderíamos dormir na mesma e a explorar livremente, mas mesmo assim seria uma experiência única.

O parque da Caverna do Diabo fica a 212km de Curitiba e 286km de São Paulo capital. As estradas que dão acesso tem boa estrutura, porém as subidas íngremes exigiram da Sacica, que é pesada e lenta. Subimos quase parando, e assim, podemos apreciar bem devagarinho os morros e florestas imensas a perder de vista.
Antes de entrar no local, um pequeno museu explica um poucos da estrutura das rochas, fauna, flora e a história da caverna. Isso nos faz achar ainda mais lindo tudo aquilo, algo que demorou centenas e centenas de anos para se formar.
O nome vem dos barulhos sinistros que os escravos ouviam vindo do interior. Eles também acreditavam na existência de algo/alguém na caverna pois quando guardavam seus alimentos lá durante a noite, ao amanhecer, eles sempre estavam revirados.
Caverna do Diabo


O guia nos levou até a entrada da obra de arte da Natureza. Pegamos uma escada que ia para baixo e adentramos na caverna. O nome, nada combina com o aspecto angelical e puro onde cada pedacinho parece ter sido feito por um artista diferente.










Um pedacinho de calmaria: Mairiporã

Saímos do parque antes do meio dia. Na volta aproveitamos para parar no meio dos morros para uma voltinha de skate nas decidas da estrada. Ainda hoje estaríamos na cidade mais movimentada do país: São Paulo.
Almocinho com Lila
Na cidade iríamos encontrar Leonardo, proprietário da cozinha itinerante Lila Prasada. Nos conhecemos Lila no Festival Universo Paralello (UP). Na verdade, não conhecemos ele, mas sim sua cozinha. Comia lá sempre que dava fome, pois eles servem pratinhos vegetarianos nutritivos e em conta. Tudo que uma pessoa com fome precisa!
Depois, na convenção praiana de malabarismo, em Ilha Comprida/SP lá estava ele novamente, servindo as suas delicias. No último dia, quando viu a Sacica, ele veio interagir e conversamos durante horas. Ele está há 19 anos na estrada com sua cozinha, indo a festivais e eventos multiculturais.
Lá mesmo já combinamos de fazer parte de sua equipe no próximo UP no final do ano. Para alinhar os detalhes e rever nosso amigo, fomos até a sua casa.
O encontramos no início da noite em São Paulo mesmo. Depois de 1h perdidos no movimento sem fim, conseguimos encontra-los. Fomos recebidos com a tapioca de leite condensado, deliciosa, de sua amiga.
Dafne, a cadela mais gordinha desse Brasil
Chegando a sua casa já podemos perceber a diferença do clima, aquele frescor da natureza, calma e cachorros. Na casa existem sete cachorros, entre eles, a minha segunda xará Dafne, a cadela. Uma basset gorda, mais tão gorda que parece que não consegue se mexer. Ela, assim como eu é brabinha, cheia de personalidade e comilhona. Super me identifiquei.
Mairiporã fica a apenas 30km da capital, mas é totalmente diferente. Muita natureza, formigas gigantes, borboletas que dão choque quando se encontram, beija-flores cantando, canto de diversos pássaros, morros e florestas. Começamos bem nossa viagem, do jeito que mais gostamos, produzindo nossos artesanatos entocados na floresta.
Ficamos dois dias no local alisando seus cachorros, comendo seus pratos deliciosos, produzindo artesanatos e começando a montar as estruturas do UP. Cortamos mesas, bancos, pensamos na decoração, na disposição das coisas e começamos a fazer o próximo festival ir virando realidade aos poucos.
Que chegue dia 20 de Dezembro quando iremos nos encontrar em Pratigi/BA. Até lá, muita água vai rolar, então, continuem acompanhando.


Mais fotos;
Sem legendas...

Entrada da caverna

Natureza, a maior artista

Uma limpezinha na humilde residencia

Kelly


Pola

Picachu, o macho da casa

Brigite, a mais mimada






Um comentário:

  1. É mais uma vez partindo...percorrendo estradas, descobrindo e iluminando caminhos...Vão na Paz e Sabedoria Divinaa...

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