quinta-feira, 13 de março de 2014

Hoje é dia de astral da ilha

Comecei meu dia normalmente indo para a monitoria. Porém lá pelas 11hrs da manhã Xicó pediu para que eu mudasse meu local de trabalho. Fui cuidar da entrada do estacionamento indicando quem poderia entrar de carro no festival.

Fiquei no local, contando os minutos para meu horário de almoço que seria a 13hrs30 pois hoje era dia de show de Nego Blue, cantor nativo da Ilha do Mel, um grande amigo e uma belíssima pessoa. Encanta por sua música, seu astral, seu jeito todo especial.
Seu show rolou no palco do sol no maior astral. A mesma galerinha de sempre, que sempre está presente nos show de Nego Blue acompanhava o show na frente, cantando e dançando todas as músicas que já são nossas antigas conhecidas. Mas rolando ali, no Psicodália, se torna ainda mais especial.
Voltando a monitoria do estacionamento tenho um encontro especial com duas figuras muito conhecidas: Jesus e o diabo. Sim, eles mesmos. Um sujeito deveras parecido com a imagem que tem
os de Jesus vestia uma túnica e seu colega trazia um chifre vermelho.
Esse Jesus também dava seus conselhos, e ia sendo levado pelas palavras do capetinha ao seu lado. Não vou citar os conselhos que recebi aqui pois eles não são permitidos para pessoas normais... Sei que me diverti muito e dei enormes risadas com aqueles dois malucos.

Hoje tem espetáculo? Tem sim senhor!
Terminei o meu domingo na cidade de slack line que foi montada á frente da cozinha comunitária. Lá ia andando nos “elásticos” desde o menor deles até o maior testando meu equilíbrio.
Logo encontro Thomas meu colega de Curitiba. Ele manda bem no slack line, sabe fazer diversos equilíbrios e anda sem dificuldades no elástico. Ficamos lá aproveitando o final da tarde. Nisso aparece um casal que tenta subir no slack line.
Eu, vendo que estavam com dificuldades dei alguns conselhos que tinha aprendido em outras ocasiões e me ajudaram a melhorar o equilíbrio. Quando digo alguns, quero dizer, comecei a falar sem parar como é de praxe.
Os dois me olhavam sorrindo, na verdade um sorriso bem amarelo, e nada diziam. Pensei comigo ”digam algum coisa poxa!”. Qual não foi a surpresa quando outro casal chegou e disse que eles eram alemães por isso não respondiam, pois não entendiam português. Agora está entendida a falta de fala no diálogo.
Do slack line fomos ao lago. Lá acontecia uma palestra sobre física quântica. No local encontrei meu colega Luã, companheiro de festivais.  Ficamos entretidos no papo que estava muito interessante.  Isso até chegar uma marcha que pessoas cantando e dançando. Eles carregavam uma bandeira escrita ”Cachaçadália”. Eram os apreciadores de uma boa cachaça fazendo uma homenagem a sua companheira fiel.
Retomado o silencio, voltamos à palestra. O pôr-do-sol me lembrou, porem, que precisava ir banhar, pois as 20hrs iria ocorrer a estreia do espetáculo Toma, o qual minha amiga Tainá fazia parte do elenco.
O espetáculo ocorreu no Saloon e foi o maior sucesso. Uma fila imensa na entrada fez o local ficar abarrotado. A peça com tema de cabaré e pistoleiros fez todo mundo dar muita risada não só pela qualidade dos atores mas também pelos figurinos e falas engraçadas.


Tradição é tradição
Saindo do espetáculo tínhamos uma sequência de feras no palco psicodália: o violinista Yamandu Costa, os piratas do Confraria da Costa e por fim a banda psicodélica Gong. Mesmo já tendo visto Confraria diversas vezes, era o show deles que eu mais esperava.
Para mim, quem não passa pelo “moche pirata” do C.C, não curtiu o Psicodália por inteiro. E era esse momento da noite que eu esperava ansiosamente. Logo mais as 21hrs entra no palco o sensacional Yamandu Costa e seus amigos Arthur Bonilla  no violão de 7 e Guto Wirtti, no baixolão. E começam os acordes no violão. Frenéticos e inacreditáveis, difícil de acreditar na habilidade do mesmo com o instrumento.
Como o show da Confraria da Costa só ia começar a 00hrs fui com os meninos no Saloon enquanto esperávamos a hora do show. Sentamos perto ao palco, dai chega um figurão:
- O meus irmãozinhos, vocês vão subir o Himalaia?- perguntou o sujeito a meu irmão e Vinícius.
Eles realmente estavam de jaquetas, mas a noite estava fria. O problema é que o sujeito devia estar com tanto calor que via-os como loucos. Ele pedia com desespero que eles tirassem.
Entrando na onda dele, Vinícius colocou a touca e apertou bem o elástico, ficando “encapotado” como diz meu pai, como se tivesse nevando mesmo. O figurão, então, quase perdeu o ar. Nisso eu já estava rolando de rir com a cena.
Ele sentou do nosso lado e tentando retornar os sentidos por ali ficou. Depois de voltar ao normal contou que era de Uruguaiana, um lugar lindo, segundo ele.  Porém, atualmente, segundo ele nos informou, ele tinha passado em um concurso público o trabalhava nas áreas dos parques nacionais da Serra Geral e Aparados da Serra, entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Na parte mais baixa do Canyon, segundo ele, era o estado de Rio Grande do Sul e em cima Santa Catarina. Ele era apaixonado pelo local.
E a meia noite começou o som dos piratas da Confraria. Os marujos no público dançavam e cantavam junto com a banda. Mesmo aqueles que não conheciam as letras não conseguiam não dançar ao som inigualável da banda. O frio que tomava conta da noite do Psicodália foi embora para não voltar quando o público começou o moche pirata mais animado desse mundo.
E quando você imagina que sua noite não pode ser melhor e mais fantástica, chega ao palco a banda Gong, atração internacional que já tocou com gigantes como Syd Barrett. Eu não tinha muito conhecimento sobre o som deles. Sabia que era psicodélico e de qualidade, mas a banda surpreendeu todas as minhas expectativas.
A banda já trocou de integrantes diversas vezes, mais de 58 integrantes e ex-integrantes passaram pela formação da Gong. No show que assisti o vocalista Daevid Allen fez a frente da psicodelia da noite.
Seu estilo era aquele já visto muitas vezes em rock stars. Pernas finas com calças apertadas, roupas extravagantes e um cabelo bagunçado. E não para por ai. Sua performance no palco era altamente teatral mudando de figurino de tempos em tempos. Tudo que um dia imaginei de um bom rock psicodélico, de uma noite de lisergia pura foi ali que eu vi.
O público hipnotizado se olhava sem saber o que pensar. Será que tudo aquilo podia ser real? Para completar a noite lá pelo final do show do Gong um sujeito invadi o palco. Qual não foi a surpresa quando vi que era o figurão de Uruguaiana! Ele não só invadiu o palco como ficou lá dançando na maior cara de pau. Claro que os seguranças precisaram tira-lo de lá.

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