quinta-feira, 13 de março de 2014

Roubei todo o sol do Psicodália para mim

Acordei naquela segunda-feira, que podia ser uma sexta, ou um sábado, de tão deliciosa que estava. Escovei meus dentes, dei um trato nos cachos e parti para a monitoria dos campings. Meu caminho para o trabalho era, digamos assim, uma delícia.
Pessoas cantando no meio do camping, o som não tinha terminado no Saloon e em cada canto tinha uma música rolando. Normalmente encontrava a Taina deixando o turno dela, que terminava as 8hrs. Após passar no QG da monitoria, peguei meu colete e comecei o dia.
Era sempre a mesma coisa.
Os mineiros que tinham vindo de carona sentavam comigo e com Edu, meu companheiro de monitoria na área, e nos ofereciam um mate ou uma erva na cuia. Eles vinham todo dia mesmo! Depois de um bom papo e revigorados íamos fazer as rondas nos campings.
Naquele dia, Xicó me pediu para ir novamente ficar na portaria, só que dessa vez na entrada do festival, antes das cancelas. E lá fui eu. Novamente o dia começou meio frio (na verdade para mim está quase sempre frio, sou uma friorenta assumida), então eu parti de galochas, não querendo molhar o pé, de calça e de casaco.
Para a minha surpresa, o sol apareceu novamente e lá fiquei eu, fritando no sol, de galocha, casaco e calça. O casaco eu tirei, obviamente, mas meus pés fritaram naquela galocha. Sem contar meu rosto, que por um momento eu nem dei muita bola para o sol, mas duas horas depois senti uma ardência daquelas. E olha que sou bem resistente ao sol. A saída foi abrir a sombrinha e me proteger daquela maneira.

Orgulho de ser brasileira
O final de tarde pedia, urgentemente, um banho. Corri para a barraca, peguei minhas coisas e fui tomar um banho. A fila era grande, mas todos os chuveiros estavam funcionando, ao contrario do dia anterior quando eu fiquei uma hora na fila, então não iria demorar tanto.
Depois de uma ducha renovadora, mesmo tendo durado pouco (no Psicodália a ordem é tomar banho rápido, por que sem isso as filas durariam horas). Ao final do banho aproveitei o espelhão que temos no banheiro e fiz uma pintura em meu rosto, bem linda. Afinal, hoje era noite de curtir o som da Pedra Branca.
Quando você está com o rosto pintado, muitas pessoas vem perguntar “quem fez essa pintura em você? Também quero!”. Como eu mesma que me pintava e estava com as tintas, acabava fazendo desenho em todos os meus amigos.
Aquela noite foi ainda mais engraçada e também especial. Um sujeito que não eu não conhecia pediu uma pintura no rosto, tribal, queria saber dos meus conhecimentos no assunto. Eu respondi que fazia arte livre, poderia imitar uma que um índio Pataxó tinha feito em meu rosto no Universo Paralello. Significava o poder do guerreiro. Ele se amarrou. “Ficou bem agressivo, curti!”, disse ele.
Outro fato inédito daquela noite foi que Vinícius e meu irmão Victor pediram que pintasse o rosto deles. Já fomos a inúmeras festas e festivais juntos. Eu sempre pintava meu rosto e o de todo mundo. Eles nunca se interessaram. Naquela noite pintei-os com gosto.
Na verdade, a segunda-feira foi cheia de pinturas. Encontrei uma amiga de Curitiba que pediu que eu a pintasse, encontrei Luã o qual recebeu a pintura mais colorida de todos os tempos. E reencontrei também uma galerinha que estava no Festival da Lua Cheia do ano passado e que por sinal tinham sido pintados por mim na ocasião.
Começamos a curtir o show do Pedra Branca todos coloridos e felizes. Afinal, aquele som merecia toda a cor e a energia positiva que pudéssemos oferecer. É daquelas bandas  que faz você sentir orgulho de ser brasileira.
São diversos instrumentos. Sitar e a tabla (orientais), o alaúde (árabe), o didgeridoo (espécie de berrante de aborígenes australianos), teremim (primeiro instrumento eletrônico, inventado em 1920), berimbau com uma batida eletrônica. Junto ao show Laíz Latenek faz performances de dança. O som é de hipnotizar, a mistura de diversos sons de instrumentos que poucas vezes ouvimos juntos, como a mistura de berimbau e sitra, faz a sua atenção ficar toda voltada àquele som.
A noite ainda contou com o imortal Moraes Moreira de Novos Baianos, comemorando 40 anos do clássico “Acabou Chorare”. Desde a passagem de som a galera já pulou a cantou junto com Moraes. Foi tanta emoção que o mesmo disse ao final “essa foi a melhor passagem de som da minha vida!”
E para fechar a noite do palco psicodália, a Tradicional Jazz Band que com os tripulantes da nave Psicodália se remexessem sem ver. Daqui a pouco estava todo mundo se acabando no Jazz cheios de animação. Uma noite de ótimas bandas brasileiras!

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