quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A vida que eu pedi a Deus

A segunda- feira, dia 30 de dezembro, últimos resquícios do ano de 2013, não poderia começar melhor. O ano de 2013 é considerado um ano místico, de abertura de portais, ou seja, renovação. Lá na Bahia eu estava certa que de sim, eu tinha recebido muitas graças nesse ano, inclusive pelo fato de poder estar lá, naquele lugar maravilhoso.
Acordei com os primeiros raios de sol, deveriam ser no máximo 6hrs devido a posição do sol. Tentei acordar meu irmão para dizer o que iria fazer, pois como lá não tínhamos sinal de celular, se desencontrou já era. O local é grande demais. O mesmo, não acordou por nada, então me mandei.
Tomei uma ducha e fui até a tenda Bambu Multicultural, no qual rolavam as atividades de yoga, dança, música e cura. Cheguei na hora certinha que começava a yoga. Um casal ministrava a prática.
Praticamos asanas e cantamos alguns mantras. Muitas pessoas vinham direto da pista para fazer a prática. Chegavam com os rostos pintados de tinta neon.
Após a prática me sentia renovada. Depois de estar dormindo em sacos de dormir durante bons dias, meu corpo pedia alongamentos! Logo mais iria ocorrer uma atividade de iniciação a capoeira angolana. Fiquei com vontade de conhecer. Dei um tempo na beira da praia, dei um mergulho naquele mar maravilhoso e mais uma vez me sentia renovada e viva. Deus é lindo demais comigo e com todos nós.
Logo mais os meninos da capoeira chegaram. Eles distribuíram instrumentos típicos da capoeira como agogô, berimbau e reco-reco e pediram para que nós escolhecemos um deles para aprender.

Eu peguei o agogô. Primeiro eles deixavam você sentir o instrumento. Depois iam ao lado de cada pessoa para ensinar corretamente. Depois de poucos minutos, pegamos o jeito. Dai começaram a cantar as músicas típicas da capoeira. Eu sempre soube que não tinha muita habilidade com instrumentos musicais. Mas lá tive certeza. Ou eu cantava ou tocava. Quando tive de fazer os dois, foi um desastre...
Depois da prática com instrumentos, começamos a dinâmica. A primeira ideia que eles nos mandaram foi que o capoeirista, tem que olhar nos olhos e estar atento.
- Vamos então, brincar de olhar nos olhos- propôs um deles.
E lá fomos nós. Que atividade interessante. Como esquecemos de olhar nos olhos. Como temos dificuldade de manter um olhar nos olhos das outras pessoas. E como um olhar diz muita coisa! Lá fomos nós andando no espaço e olhando nos olhos um dos outros. Olhos azuis, verdes cor do mar, castanhos, olhos vermelhos, olhos com tinta neon. Quantas belezas!
O segundo passo foi aprender alguns passos da capoeira. Ficamos de cócoras e fomos andando dessa maneira. Depois ficamos de ponta cabeça. Viramos estrelinha e ficamos brincando de capoeira. Naquele calor da Bahia, realmente tem que ter muita disposição ara jogar capoeira. E assim fomos nós aprendendo e curtindo aquela arte. Gratidão aos meninos.
Depois da atividade, estava cheia de areia de ficar brincando no chão. Fui até as duchas para me lavar. Junto comigo foi uma gaúcha linda e estilosa. Não perguntamos o nome uma da outra. Inclusive, nunca perguntava o nome de ninguém. Que diferença isso faz? Quando descobriu que eu era do sul também, já quis saber:
- E ai tu vai pro psicodália no carnaval?- perguntou.
- Quero muito, mas estou sem grana, se conseguir um trabalho lá é certeza.- respondi
- Bah! Lá é muito bom ne? Menor, mais aconchego, mais contato. Mas aqui é lindo também. Vamos viver em festivais?- disse ela gargalhando.
- Vamos!- respondi em tom de brincadeira.
Terminada as duchas, foi cada uma pro seu canto prometendo que nos encontraríamos no Psicodália de carnaval.
O sol estava cada vez mais forte, então fui comprar uma água de coco. O preço da água era R$5,00 reais, um absurdo em minha opinião, quando existiam incontáveis coqueiros carregados de coco naquela praia. O lucro era limpo. Era só tirar do pé e tomar. Até em Curitiba é mais barato. Mas, mesmo assim, tinha horas que só uma água de coco conseguia dar um up naquele calor.
Na volta da água de coco, passei na barraca dos índios Pataxos, naturais de Porto Seguro. Eles vendiam seus artesanatos a caráter, de cocar e roupas indígenas. Quando a batida de uma música pegava forte, eles dançavam. Era hilária a cena dos índios dançandinho a música eletrônica. Coisas que só vemos no Universo Paralello.
Comprei com eles um brinco, maravilhoso (que perdi no mesmo dia, infelizmente), então um deles me olhou e me convidou a fazer uma pintura. Ele pegou uma espécie de fruta na mão. Abriu a mesma. Lá dentro umas sementinhas foram esmagadas para fazer cor. Era o famoso urucum, direto do fruto. Ele pegou a tinta vermelha e fez a pintura da guerreira em meu rosto. Senti uma emoção indescritível.

Já pintada e hidratada fui em direção ao palco Chillout, onde uma geodésica psicodélica vira um palco para os estilos mais variados de eletrônico como Dub e os adoráveis System Sound. Lá, eu encontrei os tipos mais diferentes da minha vida. Cada um dançava da sua maneira, as crianças faziam suas rodas. A moça pegava sol de topless. A gringa, branquinha, procurava uma sombra para dançar. E que dança louca. Ficava apaixonada por cada um que ali estava.
Qual não foi a minha surpresa, quando no palco estava Selectta KBC curitibanos que mandam um som maravilhoso. Os curitibanos dominando o Universo Paralello. Dancei como nunca. Sempre curto o som deles no frio de Curitiba agora estava eu curtindo eles na beira de uma praia maravilhosa, num sol de rachar. Preciso falar mais alguma coisa?
No Chillout encontrei de novo Ana, Luã e Guto, meus companheiros de Curitiba. Depois do final do som, aproveitamos para fazer um lanche pois a fome pagava forte. A tarde retornamos para a galeria de arte, nosso local preferido do UP. Lá, claro, encontrei meu irmão e Marcelo, o cara dos malabares. Passamos a tarde de bobeira. Dando um mergulho no mar, fazendo mandalas e conversando com a galera que lá estava. No final da tarde fomos até a barraca e pegamos legumes e macarrão. Na cozinha preparamos uma jantinha deliciosa. Comemos todos nós e ainda sobrou. Demos então um grito pro Tchai que raspou a panela.
A noite curtimos um céu maravilhoso como sempre, regado a um bom som.

Nenhum comentário:

Postar um comentário