sábado, 18 de janeiro de 2014

O retorno e a passagem inesperada por Camamu

Ainda na Santa Casa de Valença nos ficamos esperando o resultado do exame de sangue. O dia tinha sido muito movimentado, porém, existia um sujeito que parecia estar numa boa.
Esse sujeito era o Doutor Orlando.  Um baixinho calmo e sereno. Ele vinha olhava, analisava, olhava de novo. Depois de algum tempo falava poucas palavras e saia. A aquela calma toda, escondia um médico super competente que atendia a todos com carinho e precisão.

Quando a enfermeira me entregou o resultado fui procura-lo para ele analisar.  Entrei em seu consultório e lhe entreguei o exame. Como sempre não parei de falar e fazer perguntas. Ele, nem ligava só olhava o exame. Ele me esperou parar de falar e disse:
- Não é dengue não. Dengue a barriga fica pra fora, teu irmão tá magrinho, magrinho. Eu já sabia, agora o resultado do exame confirmou- disse o Doutor.
Graças a Deus era apenas um início de dengue. A medicação já iria fazer com que ele melhorasse. O médico fez a receita e disse para eu me acalmar que ira dar tudo certo.
Fomos liberados do hospital logo em seguida. Compramos os remédios (se foram R$50,00) e caminhamos, então, para a rodoviária. Conseguimos pegar o ônibus das 19 hrs, chegaríamos em Ituberá no máximo 20hr30.
Entramos no ônibus e eu já fui pedindo ao motorista que me avisasse quando chegássemos em Ituberá. Como o ponto final era outra cidade que ficava 40 km de Ituberá não podíamos perder o ponto. Dito e feito.
O ônibus foi começando a ficar vazio demais, eu então perguntei ao passageiro que estava no banco de trás:
- Vai demorar muito pra chegar em Ituberá?
- Vish minha filha, já passou Ituberá faz tempo. Se você tivesse me falado...- disse ele.
Corremos para o motorista, ele disse que esqueceu de avisar, mas que se nós descêssemos ali naquela cidade, que se chamava Camamu, tinha condução para Ituberá.
Descemos numa rua escura. Andamos um pouco e fomos pedir informação para uma família. Eles nos disseram que a última condução tinha sido as 18 hrs, aquela hora já era passada das 21hrs.
Ok, estávamos perdidos de volta. Fomos andando até um posto. Contamos nosso perengue e o um frentista nos indicou dormimos em uma pousadinha que tinha ali perto e ir amanha cedo para Ituberá. Perguntamos quanto sairia um taxi. O valor seria na casa dos R$200,00.
-Bom, obrigada então. Vamos ate a pousada. Você pode indicar o caminho?- perguntei.
- Não moça, eu levo vocês, aqui tem muita morte e assalto. É perigoso andar a noite- disse o frentista- Mas só vou levar por que vocês inspiram confiança.
A sim, agora estávamos muito mais calmos... Mas lá fomos nós. Porém, antes de subirmos para a pousada, fomos abordar um taxista para conferir que valor sairia.
- R$250,00 moço- disse ele para meu irmão.
Meu irmão, que é bom de negociação, pediu para abaixar o preço, pois eram apenas 28km. Ele abaixou para R$150,00. Eu num tudo ou nada disse:
- Se o senhor fechar em R$50,00 eu entro no carro agora!
Pronto, ele topou e partimos. Aliviados, pois sabíamos que chegaríamos logo no festival.
Chegamos em Ituberá perto das 23hrs. Fomos comer um cachorro quente e procurar uma condução até o festival.
Condução hoje, não tinha mais. Porém, quando observamos melhor, vimos queexistiam muitas pessoas com pulseirinhas do festival na cidade. Muitos vinham comer ali e dar uma volta para conhecer mais a cidade. Resolvemos procurar uma carona após comermos.
Fomos comer o cachorro-quente. Quando fui pedir o meu disse “ sem vina”. O moço, porém, foi pegando a vina e colocando em meu pão. Eu que sou vegetariana, não iria comer. Disse novamente “ sem vina”. Ele colocou no pão. Poxa! Dai que me toquei... Aqui não é vina, é salsicha.
- Moço queria dizer, sem salsicha. É que sou de Curitiba e lá falamos diferente.
Ele riu e tirou a vina colocando soja no lugar.
Após comermos, fomos abordar algumas pessoas. Conseguimos carona com um casal de mineiros, gente finíssimas. Eles moravam na divisa com São Paulo e segundo informaram em sua cidade tinham mais de 22 cachoeiras. Ficamos escutando suas histórias com aquele sotaque delicioso de se ouvir e fomos sentido festival.
Eles nos deixam na praça na entrada de Pratigi e partiram para a pousada. Eles estavam no festival, mas preferiram acampar numa pousada próxima praia. O caminho que levava a entrada do festival estava mais lindo ainda a noite. Muitas estrelas no céu. Aquele clima agradável. Parecia que tirávamos 100 kg de nossas costas.
Voltando ao festival, nosso ouvidos já foram tomados pela música eletrônica. De volta para casa, graças a deus. E principalmente melhores e dispostos! Aquela noite resolvemos dormir na beira da praia para desestressar.
Fomos na barraca, tomamos um banho, pegamos o celular (pois agora tínhamos que seguir os horário para o remédio), pegamos nossos sacos de dormir e partimos.  Sentar na beira da praia nunca foi tão bom!

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