sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

De volta ao lar

 
Tínhamos mais algumas horas de viagem até São Paulo. Nossos pés estavam tão inchados que pareciam duas broas redondinhas. Demos muitas risadas. Dormimos, lemos, conversamos. Conhecemos melhor a família que estava a nossa frente e fizemos diversas paradas em lanchonetes e restaurantes.
A cada descida, nos aproveitávamos para escovar os dentes e utilizar os banheiros, já que o nosso estava horrível.

Diferentemente de tudo aquilo que eu já tinha visto em qualquer outra viagem de ônibus que fiz, longa ou curta,  os passageiros não desciam para comprar comida. Todos eles tinham trazido comida. Mas quando falo comida, não é salgadinho, bolacha ou barra de cereal.
Falo de comida mesmo, farofa, arroz e feijão. Eles colocavam o alimento dentro de pequenos sacos, ou em tampas de tapouer e comiam com seus talheres.
- Passa um pedacinho de frango mãe- dizia uma das mulheres.
- Só tem tutu agora minha filha.
Eu olhava a tudo aquilo com uma cara de espanto daquelas. Que coisa diferente. Eu e meu irmão nos olhávamos e pensávamos “só nos não trouxemos um tutu de feijão?”. Na próxima não podemos esquecer!
E assim fomos até São Paulo. Dormindo, acordando, observando. Do nordeste ao sudeste,  e depois ao sul. Mais de 20 hrs de viagem e muitas coisas na bagagem. Como é vasta a cultura desse Brasil. Como temos coisas a descobrir e conhecer. Não podemos ficar parados. Vamos dizer não ao comodismo e sim ao movimento. Não ao preconceito e sim as descobertas.
Chegamos a São Paulo antes das quatro horas. Estávamos literalmente quase morrendo de fome. Nos despedimos de nossos companheiros de viagem, seu Paulo e sua linda família, e agradecemos a todo o apoio.
Corremos para o guichê de passagens. Sairia um ônibus em alguns minutos. Enquanto eu finalizei a compra Victor foi procurar algo para comermos. Nos encontraríamos no guichê. Victor retornou com dois subways de 30 cm cada. Que delícia! Agora era nossa vez de farofar no ônibus. Nunca comi um sanduiche tão bom (ou a fome que era grande?).
Em poucas horas estaríamos em Curitiba. Aproveitei para terminar de ler meu livro, o último da saga “Brumas de Avalon”. Eu terminava duas viagens naquele momento, pois finalizar a leitura de um livro é igual a terminar uma viagem, sempre deixa uma saudade. Fomos apreciando as paisagens e percebendo que muitas delas nos eram conhecidas, estávamos mesmo chegando em casa.
Chegamos lá pelas 23 hrs em Curitiba e fomos pegar o vermelhão para ir para casa. Não sabia definir a sensação de chegar. Não era boa, nem ruim. Ao mesmo tempo que sonhava em dormir em minha cama, sabia que a Bahia estava tão longe e voltar para lá ia demorar...

banheiros, pois o nosso banheiro estava horrível (pelo menos não estava mais fedendo tanto). E a cada descida, quando íamos passando no corredor do ônibus, ia observando os passageiros em suas poltronas.

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